Em Construção
Sobre a Plêiade Bairradina pouco sabemos, alem das breves referências publicadas nos jornais da época e um pequeno número de papéis que chegou até nós.
O Padre Acúrcio paroquiava em Sangalhos quando, numa tarde de Agosto de “numa encosta pitoresca de Sangalhos” reuniram-se alguns elementos desse grupo e foi quando decidiram trazer a público aquele grupo de letras, com vontade de expandir e levar a cultura a toda esta zona que é a Região da Bairrada.
O grupo desse encontro era constituído por:
- Padre Acúrcio Correia da Silva
- Alexandre do Amaral
- Américo de Andrade
- Horácio Seabra
- Manuel Correia da Silva
- António de Cértima
- António Rodrigues Seabra
Deste encontro ameno, saiu a decisão de apresentar o grupo com o nome de “PLÊIADE BAIRRADINA”, no dia 15 do mês seguinte (Setembro), aproveitando este dia para solenizar o aniversário da morte do “poeta cavador” – Manuel Alves (de Anadia).
Nesse dia 15 de Setembro de 1918, data da apresentação ao público deste grupo Cultural da Bairrada, junto à sepultura do poeta Manuel Alves colocaram flores e proferiram algumas palavras.
Aquele grupo inicial, começava a expandir, aqui já contou com a participação do escritor Garcia Pulido, do Dr. Lopes d’Oliveira e de Tomás da Fonseca e a presença de muita população “ a maré larga duma multidão compacta e atenta comovia-nos e perturbava-nos com a sua colossal, imensa representação”.
Neste dia à noite no teatro Paraíso, falaram O Padre Acúrcio, Rodrigues Pepino, António de Cértima, Manuel Correia da Silva, António Barata e o cantor aveirense Álvaro Lé, cantou o “Hino da Plêiade Bairradina”.
Nesta mesma sessão, foi distribuída uma plaquete com a legenda “Recordação da primeira Sessão Solene da Plêiade Bairradina no «Paraizo» de Sá (Sangalhos) em 15 de Setembro de 1918”
No interior continha versos de António Barata, Sacio Bairrada, António de Cértima e António Rodrigues Pepino.
Em Março do ano seguinte, mais precisamente a 22 de Março de 1919, iniciou-se a publicação do Jornal “Gente Nova”, órgão oficial da “Plêiade Bairradina” e neste mesmo ano, datado de Outubro, conhecemos a proposta de Estatutos.
É nesta proposta de estatutos, que encontramos definidos alguns dos objectivos deste movimento cultural, donde de entre os quais destacamos:
- Museu Regional Bairradino
- Biblioteca Bairradina
- Publicação de Obras literárias de autores da Bairrada
- Publicação Semanal - “a publicação semanal será um jornal intitulado Gente Nova”
- Publicação Mensal - “a publicação mensal será uma revista”
- Publicação anual - “a publicação anual será um almanaque intitulado Almanaque Bairradino”
Anualmente haveria um congresso a realizar alternadamente, percorrendo todos os concelhos abrangidos pela área de influência da Plêiade Bairradina.
Segundo estes estatutos a área abrangida pela “Plêiade Bairradina” era o concelho de Anadia, Águeda, Ílhavo, Mealhada, Vagos, Aveiro e Oliveira do Bairro.
Um dos objectivos da “Plêiade” foi atingido, com a publicação do jornal “Gente Nova”, iniciado em 22 de Março de 1919, do qual se publicaram 37 números, sendo o último em 28 de Fevereiro de 1920.
Com a publicação deste jornal a adesão à plêiade, aumentou, pena não termos uma relação de todos os membros desta instituição cultural, apenas conhecemos aqueles que nos apareceram por uma referência ou outra, mesmo assim em 1920 identificámos:
Jessá de Almeida ( Águeda)
Manuel Faria de Almeida (Aveiro)
António Barata (Oliveira do Bairro)
Albano Cruz (Oliveira do bairro)
Cesário Cruz (Ílhavo)
Adelino de Melo (Mealhada)
António de Cértima (Oiã)
António Rodrigues Seabra (Anadia)
Acúrcio Correia da Silva (Oliveira do Bairro)
Manuel Correia da Silva (Oliveira do bairro)
Francisco Rodrigues Cruz (Oliveira do Bairro)
António Rodrigues Pepino (Fermentelos)
Mário Arsélio (Águeda)
Angelina Assunção (Anadia)
Noémia Gomes de Carvalho
Alberto Costa
Albino Pinto Coelho
Eliziário Simões (Anadia)
António Ferreira Diniz (Anadia)
Antero Simões
Augusto Mieiro (Anadia)
Carlos Seabra Rodrigues
Manuel Fernades Urbano
Augusto Neves (Aveiro)
António Seabra (Anadia)
Mário Seabra (Anadia)
Ilídio Correia da Silva (Oliveira do Bairro
João Carlos Celestino Gomes (Ílhavo)
Alexandre do Amaral
Amélia Vilar (Porto)
A “plêiade Bairradina”, alem de publicar o jornal, publicou também o livro de António de Cértima, “Bodas de Vinho” em 1919 e uma Plaquete musical “Bairrada em Sonho”, com letra de Francisco Rodrigues Cruz, música de Albano Cruz e Ilustração da capa de Arlindo Vicente. Esta publicação não tem data, mas terá provavelmente sido em 1928.
Um facto digno de registo é que foi neste período que se fez o Hino da Bairrada, com letra de Acúrcio Correia da Silva e Albano Cruz.
Com o falecimento do Padre Acúrcio Correia da Silva em 25 de Março de 1925, todo este movimento adormeceu e dos elementos mais activo, poucos ficaram na região, uns partiram para outras regiões do país e outros emigraram.
Aos nossos dias chegou o exemplo de um grupo de jovens que vivendo numa época difícil, despertou o valor da cultura regional da Bairrada e que continua a ser um ponto de referência nos dias de hoje.
De alguns dos elementos deste movimento cultural, temos várias referências, de outros apenas os seus nomes e outros ainda, que desconhecemos quem eram.
Bem hajam todos os que fizeram parte da “Plêiade Bairradina”.